sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Parar de fumar: todos podem vencer esta difícil tarefa

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Por Lucia Freitas
Segundo dados do Ministério da Saúde, 14,8% dos brasileiros com mais de 18 anos ainda fumam. Para combater o vício, e ajudar as pessoas a deixar o cigarro de lado, o SUS implantou iniciativas para ampliar o acesso de usuários do SUS a tratamentos para parar de fumar, já que o tabagismo é um dos principais fatores de risco para a incidência de infartos, derrames e vários tipos de câncer.
Para se ter uma ideia, o Brasil gasta em média cerca de R$12 milhões anuais no tratamento de fumantes. Em 2010, aproximadamente 175 mil pacientes foram tratados por meio do programa em 1.159 municípios.
“É preciso primeiro entender que o tabagismo é uma doença e como tal precisa ser tratada”, diz a Dra. Jaqueline Issa, cardiologista e coordenadora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP).
A dependência da nicotina
A nicotina provoca uma dependência química feroz, segundo o Dr. Drauzio Varella. Entretanto, nos artigos sobre parar de fumar, ninguém explica exatamente o que a nicotina faz em nosso organismo – e que a faz ser tão sedutora e “boa”.
A nicotina é um alcaloide (composta de carbono, nitrogênio e hidrogênio) e provoca efeitos no sistema nervoso. Seu efeito no cérebro é uma pequena euforia. Se o efeito é semelhante ao da cocaína, a nicotina inalada chega mais rápido ainda ao cérebro. Um dos maiores perigos, entretanto, é sua capacidade de ligar-se ao DNA e provocar mutações – daí o seu efeito cancerígeno.
O efeito euforizante da nicotina é que a torna altamente viciante, causando sérios problemas quando se tenta parar de usar. Sintomas como dificuldade em se concentrar, aumento de peso, taquicardia entre outros são observados em pessoas que tentam parar de fumar. Para ajudar, foram lançados no mercado adesivos e chicletes que contêm componentes não viciantes, mas que têm efeitos semelhantes do sistema nervoso e ajudam o fumante a superar a necessidade de nicotina.
Todos os especialistas avisam: parar de fumar pode não ser fácil. Alguns têm até quatro recaídas antes da parada definitiva. O conselho é: não desista. Se voltar a fumar, pare de novo até conseguir deixar o vício de lado.
Livrar-se do vício não é fácil – nunca é. Existem cinco fases, que todo fumante atravessa nesse processo:
1) Pré-contemplação: o fumante jura que consegue largar a hora que quiser; não para porque não tem vontade. Ele acha que o fumo não faz tanto mal quanto dizem, que sua saúde nada fica a dever à de muitos que nunca fumaram e lembra do parente que fumou até os 80 anos e morreu atropelado.
Nessa fase, a intervenção deve ser ocasional, limitada a citar as vantagens de não fumar: melhora do hálito, do fôlego, do sabor dos alimentos, etc. O lema dos Alcoólicos Anônimos se aplica: “Se você quer fumar, o problema é seu. Se quiser largar, posso ajudar”. Lembre: quem fuma precisa de apoio, não de condenação.
2) Contemplação: ele chegou à conclusão de que precisa largar, mas hesita em marcar data para fazê-lo. No fundo, não consegue imaginar a vida sem a droga.
Entenda, agora determinação e covardia se alternam em ciclos. Seria o momento ideal para participar de grupos de apoio, muito raros no Brasil. A fase de contemplação não é a melhor para submeter ninguém a discursos antitabagistas nem prescrições de medicamentos ou de adesivos de nicotina.
3) Ação: começa quando o fumante marcou data para o último cigarro. É a hora em que ele mais precisa da ajuda dos familiares, dos amigos e de um médico com experiência na área. Lembre: nada desencoraja mais o fumante de tentar parar do que o medo do fracasso.
Durante esse estágio, adesivos de nicotina ou medicamentos específicos podem ser muito úteis.
4) Manutenção: é hora de estimular o ex-fumante a apregoar sua nova condição para os amigos. É durante a manutenção que o ex-fumante tratado com adesivos ou medicamentos deixa de usá-los; daí em diante é por conta dele.
A maioria dos que largaram de fumar concorda que, depois de seis meses, o sofrimento praticamente desaparece. De fato, grande parte das desistências acontece nesse período.
5) Recidiva: diversos estudos mostram que a maior parte dos fumantes só consegue ficar livre da dependência depois de três ou quatro tentativas. Quando a pessoa volta a fumar, é fundamental reconhecer para qual das fases anteriores regrediu. Para ajudar, é preciso ajuda-lo a tentar de novo.
Teste a sua dependência
Quanto tempo depois de acordar você fuma o primeiro cigarro?
Depois de 5 minutos : 3 pontos;
De 6 a 30 minutos : 2 pontos;
De 31 a 60 minutos : 1 ponto;
Após 60 minutos : 0 ponto.
Você acha difícil não fumar em lugares onde é proibido?
Sim: 1 ponto
Não : 0 ponto
Qual cigarro do dia você acha mais difícil de resistir?
O primeiro : 1 ponto
Qualquer um : 0 ponto
Quantos cigarros você fuma por dia?
Pelo menos 10 : 0 pontos;
11 a 20 : 1 ponto;
21 a 30 : 2 pontos;
31 ou mais : 3 pontos.
Você fuma mais pela manhã que pela tarde?
Sim : 1 ponto
Não: 0 ponto
Você fuma, mesmo se estiver tão doente que precise ficar o dia todo acamado?
Sim : 1 ponto
Não : 0 ponto
Resultados:
0-2 pontos : não há dependência
3-4 pontos : dependência fraca
5-6 pontos : dependência mediana
7-8 pontos : dependência forte
9-10 pontos : dependência muito forte
Dicas para parar de fumar
Os manuais recomendam dois jeitos de parar de fumar: a parada total programada e a parada gradual. Na parada total, o fumante marca um dia e, a partir dali, não fuma mais.
Existem dois jeitos de parada gradual: reduzindo o número de cigarros – por exemplo, um fumante de 30 cigarros por dia, no primeiro dia fuma os 30 cigarros usuais, 25 no segundo, 20 no terceiro… até chegar no sétimo dia, que seria a data para deixar de fumar e o primeiro dia sem cigarros; retardando a hora do primeiro cigarro – por exemplo, no primeiro dia você começa a fumar às 9 horas, no segundo às 11 horas, no terceiro às 13 horas, até o sétimo dia, que seria a data para deixar de fumar e o primeiro dia sem cigarros.
Veja: o prazo sempre é de uma semana. É preciso enfrentar a dificuldade.
A abstinência
Cada pessoa vive a falta de nicotina no organismo de uma forma. Os efeitos da parada sobre o organismo começam imediatamente…
  • em 20 minutos sua pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal
  • em 2 horas não tem mais nicotina no seu sangue
  • em 8 horas o nível de oxigênio no sangue se normaliza
  • em 2 dias seu olfato e paladar melhoram
  • após 3 semanas a respiração fica mais fácil e a circulação melhora
  • em 10 anos o risco de sofrer infarto será igual ao de quem nunca fumou
O seu organismo vai sentir falta da nicotina, não se engane. Dores de cabeça, tonturas, irritabilidade, alterações de sono, tristeza, falta de concentração e indisposição gástrica, entre outros. Por isso é importante ter acompanhamento médico e apoio, eles são a chave para deixar o cigarro fora da sua vida e garantir a sua saúde.
Alguns cuidados são importantes para que a parada fique mais fácil. O sintoma mais frequente é a fissura, o forte desejo de fumar. A fissura não demora mais que 5 minutos. Não fumar e aprender a evitar o cigarro durante essa crise é fundamental para o sucesso. Saiba: vai passar. Esta é a crise de abstinência, o seu organismo sentindo falta da nicotina.
Avise amigos e família que está parando, para que ninguém te ofereça um cigarro na hora errada. Também é bom ter um kit para ajudar a superar a fissura: cenouras baby, chicletes sem açúcar, água, frutas. Tenha-os sempre ao alcance para o caso de necessidade.
Aumente sua atividade física – caminhadas, usar escadas em vez do elevador, ioga, natação. O exercício aumenta o nível de endorfina no organismo e faz você se sentir melhor. Além disso, ele evita muitos dos sintomas da crise de abstinência.
O peso é, sim, uma questão. Os ex-fumantes costumam engordar porque seu metabolismo muda. Durante seis meses, mude a sua rotina mesmo. Se associa cigarro e café, prepare-se para deixar o café de lado também, principalmente nos primeiros seis meses. Se a cervejinha também chama um cigarrinho, nada de cerveja para você. Lembre: o sacrifício vale a pena a longo prazo.

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